domingo, 20 de junho de 2010

SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E DESIGUALDADE SOCIAL

RESUMO

Pedro Demo faz uma análise sobre a sociedade do conhecimento, incluindo as desigualdades sociais, destacando entre vários autores o trabalho de Castells sobre a “network society”, nesta obra Castells afirma que a globalização proporcionou um avanço na ciência, na economia e na sociedade em geral gerando o que ele chama de “modo informacional de desenvolvimento”.Demo menciona ainda segundo Castells que a atual fase capitalista é global e informacional; informacional porque a produtividade e a competitividade dependem da geração e aplicação de informação baseada em conhecimento eficiente, e global porque o centro da produção esta organizado em escala globalizada , diretamente ou através de conexões entre agentes econômicos, ainda destaca que a sua “marca” é informacional devido a constante competição informativa em base do conhecimento, sendo assim a lucratividade e a competitividade as determinantes atuais da inovação tecnológica e do crescimento da produtividade, é o que ele chama de “informacionalismo”, onde ciência e tecnologia são estendidas amplamente “conhecimento e informação”.

De fato Demo diz que Castells afirma que a intensividade do conhecimento se trata menos de economia baseada na informação do que informacional, pois agora os recursos são intensivos penetrando por todos os cantos da sociedade inclusive em dimensões culturais, a partir daí vê-se que essa atuação é global e não planetária, essa competitividade globalizada necessita no entanto de quatro itens para se manter :

· A capacidade tecnológica, incluindo assim a força da pesquisa e desenvolvimento, a utilização adequada de novas tecnologias, o nível da sua difusão na rede de interação econômica e ainda a importância de recursos educacionais para esse sistema a fim de reunir ciência tecnologia e produção.

· O acesso a um mercado amplo associado e tributário, a UE ,os Estados unidos e o Japão, com a intenção de possibilitar a atuação das firmas livremente;grupo forte e restrito.

· Um diferencial entre os custos de produção local e preços de mercado, pois não se reduz facilmente o custo da mão de obra, ainda ai incluídas vantagens procedentes do custo de terras, das taxas, das regulamentações ambientais, levando o capital onde encontra-se facilidades e não onde ele é realmente necessário.

· A capacidade política das instituições nacionais e em maiores dimensões, de dirigir a estratégia do crescimento de tais paises ou áreas sob jurisdição, assim como vantagens que as firmas procuram eliminar mesmo causando prejuízos as populações locais, logo pode-se convir que a globalização não visualiza novas oportunidades de melhor divisão, mas sim novas diretrizes ainda mais ásperas.

A "empresa de rede” é a principal promotora, é aquela que transforma sinais em bens através do processamento do conhecimento, esta é a tendência da tática de aplicação.Demo diz que nessa relação Castells é dúbio e se rende ao neoliberalismo ate certo ponto primeiro por que dá a entender que a produtividade é acima de tudo produção do conhecimento e volta atrás ao afirmar que se trata de produtividade informacional, pois uma coisa é ter o conhecimento como base e outra é tê-lo com objetivo, como causa, e em relação ao neoliberalismo ele passa uma visão relacionada as condições norte-americanas indo contra as obras da década de 1990 onde direcionava-se uma forte crise de emprego ressaltando o caso Rifkin(o fim dos empregos),dentre outros criticando a flexibilidade destruidora das relações trabalhistas; além de a sociedade e a economia intensiva do conhecimento abrir imensos horizontes de produtividade, porém a marca com um mecanismo severo de exclusão social, pois substitui com certa rapidez mão de obra por processo informatizados desestruturando a sociedade desde as bases , “as massas” pois isso se reflete na totalidade. Referindo-se a Castells Demo diz que ele aceita ainda que a crise não chegou de verdade e que novos empregos surgiram porém com menor remuneração, esse é a marca da economia informacional, com mais procura e mais trabalhadores preparados, ocorrendo assim uma recolocação.

A economia intensiva do conhecimento destrói empregos; sim, mas os recria em outra parte, porém devido a crise pela qual passam alguns paises fica difícil aceitar essa visão,a própria intensividade do conhecimento tende a usar mais a inteligência do trabalhador , mas nem todos tem a orientação necessária para adequar-se a tal situação, na prática é a razão pela qual a economia competitiva globalizada aposta na educação básica de qualidade, sendo seu intuito não a cidadania, mas sim a competitividade com base no manejo do conhecimento (tecnologia).Conforme Demo, Castells se afasta de analises baseadas na obra Marxista que recuperam a chamada “lei do movimento econômico da sociedade moderna”, pois a economia intensiva de conhecimento representa a antevisão marxista da mais-valia relativa,esta seria “um modo capitalista especifico de produção”,o trabalho necessário é encurtado “através de métodos pelos quais o equivalente ao salário é produzido em menor tempo”;é a chamada lógica da intensividade do conhecimento dispensando custos de mão-de-obra e mesmo assim aumentando a produtividade. O trabalho preso ao valor de troca e não de uso vira mercadoria, dispensável, substituída por métodos capazes de produzir maior mais-valia diminuindo o tempo de trabalho e precisando de menos trabalhadores.

A partir disso podemos observar que a economia intensiva de conhecimento contem uma forte tendência de exclusão, proveniente de crises estruturais constantes.A idéia do pleno emprego vem do capitalismo de origem Keynesiana, mas uma enorme camada de trabalhadores sem qualificação se forma e fica estagnada porque essa idéia só beneficia os que estão preparados, isto é qualificados de acordo com as exigências do mercado, pois para inserir-se neste é necessário usar ,utilizar o “conhecimento” com autonomia, e além de haver esta competitividade entre os “sem” e os “com” qualificação cresce ainda a competitividade entre os com maior habilidade de manejar o conhecimento, ainda com mais autonomia, barateando as competências.De acordo com o que diz Pedro Demo, no entanto os socialistas reais inventaram uma economia mais presa a mais-valia absoluta, incapaz de adequasse a base material o que levou Kurz a reconhecer que estes ainda seguem o modelo capitalista, porque a teoria da mais valia teria resolvido a questão da produção restando a da redistribuição,sendo que este prefere analisar a mercadoria do que as classes sociais , mesmo se aplicando as condições atuais, no que concorda Castells, que também usa desse conceito, sem descartes , a classe trabalhadora além de não majoritária se tornou fragmentada, lembrando a analise do BID de desigualdade que mostra entre os ricos um percentual de apenas 15% de empresários, a analise social mudou bastante pois não inclui mais cortes em relação a mulher, confrontos culturais, modos diferenciados de apropriação privada e assim vai; estando em recuo a categoria trabalho.

Piorando ainda mais questão social, torna-se mais critico o desafio da sustentabilidade que se pode resumir em:

* De que não é possível disseminar as condições dos centros para todos os povos, pois eliminaria as reservas de energia e de água, além de matéria prima etc., logo se vê que é impraticável crescer no mundo capitalista sem destruir a natureza, já que o crescimento é orientado pelos lucros não pelos direitos das novas gerações que merecem usufruir condições adequadas do meio ambiente, e talvez não tenham esses recursos para utilizar devido a utilização inconseqüente,assim pode-se convir que o preço do progresso, da riqueza, não é só a exclusão social mas também “ a exclusão do projeto humano planetário”;esta lógica capitalista não foi como quer o neoliberalismo ,capaz de criar e recriar chances iguais através da globalização competitiva, pelo contrario reproduziu outro mapa das desigualdades, ainda mais difíceis de analisar e amenizar , porque estão diretamente relacionadas com o conhecimento.assim o mundo divide-se em a parte que produz seu conhecimento e a que o copia; assim torna-se quase que impraticável manter e formular um projeto próprio de desenvolvimento sem manejo adequado de conhecimento,ai surge a nova face da pobreza, mais comprometedora do que a carência material é a pobreza política, a capacidade de organizar o próprio destino com autonomia, sendo o mal maior não a fome, pois tecnologicamente é fácil combate-la, mas a ignorância , a incapacidade de gerar as próprias oportunidades.

Os Tipos de Dominação segundo Max Weber




No cerne de relações sociais, moldadas pelas lutas, Max Weber percebe de fato a dominação, dominação esta, assentada em uma verdadeira constelação de interesses, monopólios econômicos, dominação estabelecida na autoridade, ou seja o poder de dar ordens, por isso ele acrescenta a cada tipo de atividade tradicional, afetiva ou racional um tipo de dominação particular.Weber definiu as dominações como a oportunidade de encontrar uma pessoa determinada pronta a obedecer a uma ordem de conteúdo determinado.

Dominação Legal (onde qualquer direito pode ser criado e modificado através de um estatuto sancionado corretamente), tendo a “burocracia” como sendo o tipo mais puro desta dominação. Os princípios fundamentais da burocracia, segundo o autor são a Hierarquia Funcional, a Administração baseada em Documentos, a Demanda pela Aprendizagem Profissional, as Atribuições são oficializadas e há uma Exigência de todo o Rendimento do Profissional. A obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer. Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em normas que, como foi dito anteriormente, são criadas e modificadas através de um estatuto sancionado corretamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente assegurado.

Dominação Tradicional (onde a autoridade é, pura e simplesmente, suportada pela existência de uma fidelidade tradicional); o governante é o patriarca ou senhor, os dominados são os súditos e o funcionário é o servidor. O patriarcalismo é o tipo mais puro desta dominação. Presta-se obediência à pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal que se julga sagrada. Todo o comando se prende intrinsecamente a normas tradicionais (não legais) ao meu ver seria um tipo de “lei moral”. A criação de um novo direito é, em princípio, impossível, em virtude das normas oriundas da tradição. Também é classificado, por Weber, como sendo uma dominação estável, devido à solidez e estabilidade do meio social, que se acha sob a dependência direta e imediata do aprofundamento da tradição na consciência coletiva.

Dominação Carismática (onde a autoridade é suportada, graças a uma devoção afetiva por parte dos dominados). Ela assenta sobre as “crenças” transmitidas por profetas, sobre o “reconhecimento” que pessoalmente alcançam os heróis e os demagogos, durante as guerras e revoluções, nas ruas e nas tribunas, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres invioláveis que lhes são devidos pelos governados. A obediência a uma pessoa se dá devido às suas qualidades pessoais. Não apresenta nenhum procedimento ordenado para a nomeação e substituição. Não há carreiras e não é requerida formação profissional por parte do “portador” do carisma e de seus ajudantes. Weber coloca que a forma mais pura de dominação carismática é o caráter autoritário e imperativo. Contudo, Weber classifica a Dominação Carismática como sendo instável, pois nada há que assegure a perpetuidade da devoção afetiva ao dominador, por parte dos dominados.

Max Weber observa que o poder racional ou legal cria em suas manifestações de legitimidade a noção de competência, o poder tradicional a de privilégio e o carismático dilata a legitimação até onde alcance a missão do “chefe”, na medida de seus atributos carismáticos pessoais.


Por Bianca Wild, disponível em : www.recantodasletras.com.br

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Provas de Sociologia - professor Cláudio

1) Escolha a alternativa que tenha a correspondência correta:
a) Ação Social = posição que os indivíduos ocupam no processo produtivo, conforme
Karl Marx;
b) Fato Social = comportamento humano que apresenta exterioridade;
c) Relação Social = comportamento humano determinado pelo sentido individual;
d) Classe Social = posição que os indivíduos ocupam no processo produtivo, conforme
Max Weber;
e) NRA.


2) Escolha a afirmativa correta sobre a Sociologia:
a) Estuda o comportamento humano de origem coletiva, efetuado ou não em grupo,
cuja emancipação como ciência se dá no século XVIII;
b) Estuda o comportamento humano de origem coletiva, efetuado em grupo, cuja
emancipação como ciência é conseqüência das Revoluções Francesa e Industrial;
c) Nasce revolucionária, querendo entender não só o comportamento coletivo mas
querendo modificar as relações sociais existentes;
d) Nasce conservadora, querendo entender não só o comportamento individual mas
querendo manter a ordem existente.
e) NRA.



3) Escolha o relacionamento correto:
a) Tipo Ideal – Durkheim – Capitalismo;
b) Solidariedade Mecânica – Weber – Ética Protestante;
c) Forças Produtivas – Marx – Filosofia da classe dominante;
d) Normalidade – Comte – Educação para sociabilização;
e) NRA.



4) Com relação ao comportamento social humano, podemos dizer que:
a) A solidariedade orgânica, presente nas sociedade menos especializadas, desenvolvese
para o tipo mecânico, onde se sente menor coerção e ao mesmo tempo maior
solidão;
b) Todo o comportamento, segundo Durkheim, é normal desde que esteja dentro dos
limites estabelecidos para a sociabilidade humana; fora desses limites, que são
imutáveis, pois a moral e a ética é imutável, o comportamento é dito patológico;
c) No marxismo, as relações sociais estabelecidas na infra-estrutura social é que vão
determinar as classes sociais predominantes; por isso, no capitalismo, a classe
proletária, que é dominante, pode dizer como o Estado burguês será constituído;
d) As ações sociais, que são determinadas pelas expectativas uns dos outros, e que são
apenas probabilidades de virem a acontecer ou terem sentido comum, têm na
racionalidade que privilegia os fins o modelo mais constante na sociedade moderna;
e) NRA.


5)Com base nos conceitos de Globalização, selecione a alternativa correta:
Sobre as Economias-mundo elas se formam a partir de:
a) Parceiros econômicos e políticos que dividem o mundo em blocos onde países
periféricos levam vantagem;
b) Países unidos política e militarmente por questões de segurança, onde países centrais
pagam por essa cooperação aos países mais pobres;
c) Blocos de parceiros econômicos onde os países desenvolvidos acabam levando
vantagem sobre os demais porque guardam para si os conhecimentos mais atuais;
d) Blocos de países unidos cientificamente, onde países periféricos tiram vantagens de
conhecimentos mais avançados sobre os países mais desenvolvidos;
e)NRA.


6)A perda de soberania está relacionada com:
a)Empresas multinacionais que obrigam os governos a fazer vigorar leis internas rígidas e a
criar outras que as favoreçam;
b)Impactos sócio-econômicos nocivos que as indústrias multinacionais ajudam a resolver
como poluição do meio ambiente, exploração dos empregados, prostituição infantil, e
destruição das culturas locais;
c)Exploração da mão-de-obra que as multinacionais utilizam nos países menos
desenvolvidos, desconsiderando a necessidade do mínimo de condições de vida da
população desses países;
d)Existência de organismos multilaterais econômicos e políticos com variáveis capacidades
de ingerência interna nos países;
e)NRA.


7) A partir do conceito de Tecnologia da Informação, escolha o item correto:
a) T.I. é, sobretudo, a capacidade de codificar o conhecimento humano em Software e
Hardware;
b) O valor humano nas “sociedades de informação” está nos “conhecimentos tácitos”,
aqueles adquiridos pelo estudo e união de várias informações, experiência profissional e
de vida das pessoas, e que depois são codificados;
c) O desenvolvimento da T.I. está previsto desde o século 19, quando Karl Marx, através
do seu Método Histórico Dialético, sugeriu que novas necessidades na sociedade
levariam ao desenvolvimento das forças produtivas.;
d) Na medida em que a T.I. nos torna mais autônomos e possibilita a individualidade,
acaba com a solidariedade, ou cria a solidariedade do tipo mecânica, como foi sugerido
por Max Weber.
e) NRA.


8)Com relação ao Desemprego em nível mundial:
a)Os índices de desemprego crescem só por causa das crises econômicas cíclicas do
capitalismo, apesar do aumento de produtividade;
b)Enquanto a produtividade só aumenta o desemprego aumenta junto, pois a crise do
capitalismo é estrutural;
c)Se a produtividade continuar a aumentar os índices de emprego logo voltarão a crescer e
o desemprego irá recuar; inclusive ajudado pela industria da hospedagem no mundo inteiro
d)O terceiro setor, que é o setor de serviços, ajudado pelos investimentos estatais, logo
recuperará os índices normais de emprego.


9)Considere a citação.
“[...] o racionalismo econômico, embora dependa parcialmente da técnica e do
direito racional, é ao mesmo tempo determinado pela capacidade e disposição dos homens em
adotar certos tipos de conduta racional. [...] Ora, as forças mágicas e religiosas, e
os ideais éticos de dever deles decorrentes, sempre estiveram no passado entre
os mais importantes elementos formativos da conduta.”
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
São Paulo: Livraria Pioneira Editora,1989, 6 ed., p. 11.
A respeito das relações de causalidade que o sociólogo Max Weber propõe entre as origens
do capitalismo moderno, o processo de racionalização do mundo e as religiões de
salvação, assinale a alternativa correta.


a) Coube às éticas religiosas do confucionismo (China) e hinduísmo (Índia) redefinirem o
padrão das relações econômicas que, a partir do século XVI, culminaria no capitalismo de
tipo moderno.
b) As seitas protestantes que floresceram nas sociedades orientais, a partir do século XVI,
são responsáveis pela prematura posição de destaque do Japão, China e Índia no cenário
econômico internacional que se seguiu à Revolução Industrial.
c) A partir de sua doutrina da predestinação, o calvinismo foi responsável pela introdução
de um padrão ético que, ao estimular a racionalização da conduta cotidiana de seus fiéis,
contribuiu de maneira inédita para o desenvolvimento das relações capitalistas modernas.
d) O processo de encantamento do mundo (irracionalização do conhecimento e das relações
cotidianas) encontra-se na base da ética protestante, cujas prescrições de conduta se
revelaram condição imprescindível para o desenvolvimento e consolidação das relações
capitalistas modernas.
e)NRA


10) Considerando-se o pensamento e a obra de Karl Marx, pode-se afirmar que:
a) O principal fator de mudança social é a acomodação social entre as classes.
b) As duas grandes classes do capitalismo são a burguesia e o proletariado.
c) As classes sociais são necessariamente complementares, mas não necessariamente
antagônicas.
d) O capitalismo tem três grandes classes – a burguesia, a classe média e o proletariado.
e) A coalizão tem sempre um duplo objetivo – promover a concorrência entre os
trabalhadores e ir contra o capitalismo.


DISCURSIVAS
11)No que consiste, para Marx, a concepção dialética de Hegel quando aplicada a História?
(INSERIR UMAS 5 LINHAS)


12)Na teoria marxista a alienação representa o afastamento do produtor direto em relação
ao produto, a outros produtores diretos e ao próprio gênero humano. Analise esta
afirmativa.


(INSERIR UMAS 10 LINHAS)


“O motor da História é a mudança econômica”. K. Marx

Continuação Resumo do livro "O que é sociologia"

Continuação Resumo do livro " O que é sociologia"

A filosofia alemã da época de Marx ao entrar em contato com a dialética hegeliana, ressaltou o seu caráter revolucionário, uma vez que o método de análise de Hegel sugeria que tudo o que existia, devido às suas contradições, tendia a extinguir-se (Tudo o que é sólido desmancha no ar?). A crítica que eles faziam à dialética hegeliana se dirigia ao seu caráter idealista. O idealismo de Hegel postulava que o pensamento ou o espírito criava a realidade. Para ele, as idéias possuíam independência diante dos objetos da realidade, acreditando que os fenômenos existentes eram projeções do pensamento.


Procuraram então "corrigi-la" e/ou adaptá-la, recorrendo para tanto ao materialismo filosófico de seu tempo. Mas para eles o materialismo então existente também apresentava falhas, uma vez que era essencialmente mecanicista, ou seja , concebia os fenômenos da realidade como permanentes e invariáveis, este materialismo estava em descompasso com o progresso das ciências naturais, que já haviam colocado em relevo o funcionamento dinâmico dos fenômenos investigados, desqualificando uma interpretação que analisava a natureza como coisa invariável e eterna.


Os freqüentes conflitos de classes que ocorriam nos países capitalistas mais avançados da época levavam Marx e Engels a destacar que as sociedades humanas também encontravam-se em contínua transformação, e que o motor da história eram os conflitos e as oposições entre as classes sociais.A aplicação do materialismo dialético aos fenômenos sociais teve o mérito de fundar uma teoria científica de inegável alcance explicativo: o materialismo histórico.


Eles haviam chegado à conclusão de que seria necessário situar o estudo da sociedade a partir de sua base material. Tal constatação aludia que a investigação de qualquer fenômeno social deveria partir da estrutura econômica da sociedade, que a cada época constituía a verdadeira base da história humana.A partir do momento em que constataram serem os fatos econômicos a base sobre a qual se apoiavam os outros níveis da realidade, como a religião, a arte e a política, e que a análise da base econômica da sociedade deveria ser orientada pela economia política, é que ocorre o encontro deles com os economistas da Escola Clássica, como Adam Smith e Ricardo.


Uma das principais críticas que dirigiam aos economistas clássicos dizia respeito ao fato destes suporem que a produção dos bens materiais da sociedade era obra de homens isolados, que perseguiam egoisticamente seus interesses particulares. De fato, assinalavam Marx e Engels, na sociedade capitalista o interesse econômico individual fora tomado como um verdadeiro objetivo social, sendo voz corrente nessa sociedade que a melhor maneira de garantir a felicidade de todos seria os indivíduos se entregarem à realização de seus negócios particulares. No entanto, admitir que a produção da sociedade fosse realizada por indivíduos isolados uns dos outros, como imaginava a escola clássica, não passava, segundo eles, de uma grande ficção.


Procuraram apontar que o homem era um animal essencialmente social ( E o capital uma relação social). A observação histórica da vida social demonstrava que os homens se achavam inseridos em agrupamentos que, dependendo do período histórico, poderia ser a tribo, diferentes formas de comunidades ou a família. A teoria social que surgiu da inspiração marxista não se limitou a ligar política, filosofia e economia, deu um passo a mais, ao estabelecer uma ligação entre teoria e prática, ciência e interesse de classe (é no terreno da prática que se deve demonstrar a verdade da teoria). O conhecimento da realidade social deve se converter em um instrumento político, capaz de orientar os grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade.


A função da sociologia, nessa perspectiva, não era a de solucionar os "problemas sociais", com o propósito de restabelecer o "bom funcionamento da sociedade", como pensaram os positivistas, ela deveria contribuir para a realização de mudanças radicais na sociedade. Foi o socialismo, sobretudo o marxista, que despertou a vocação crítica da sociologia, unindo explicação e alteração da sociedade, e ligando-a aos movimentos de transformação da ordem existente.
Ao contrário do positivismo, que procurou elaborar uma ciência social supostamente "neutra" e "imparcial", Marx e vários de seus seguidores deixaram claro a íntima relação entre o conhecimento por eles produzido e os interesses da classe revolucionária existente na sociedade capitalista o proletariado( os socialistas e os comunistas constituíam, por sua vez, os representantes da classe operária).


Comprometido com a transformação revolucionária da sociedade, o pensamento marxista procurou tomar as contradições do capitalismo como um de seus focos centrais. Para Marx, assim como para a maioria dos marxistas, a luta de classes, e não a "harmonia" social, constituía a realidade concreta da sociedade capitalista. Ao contrário da sociologia positivista, que via na crescente divisão do trabalho na sociedade moderna uma fonte de solidariedade entre os homens, Marx a apontava como uma das formas pelas quais se realizavam as relações de exploração, antagonismo e alienação.


O trabalhador, o proletariado, estava submetido não só a dominação econômica, uma vez que se encontravam excluídos da posse dos meios de trabalho, como também a dominação no campo político, na medida em que a burguesia utilizava o Estado e seus aparelhos repressivos, como a polícia e o exército, para impor os seus interesses ao conjunto da sociedade. A dominação burguesa estendia-se também ao plano cultural, pois ao dominar os meios de comunicação, disseminava seus valores e concepções às classes dominadas.


Contrariamente à sociologia positivista, que concebia a sociedade como um fenômeno "mais importante" que os indivíduos que a integram, submetendo-o e dominando-o, a sociedade, nessa perspectiva era concebida como obra e atividade do próprio homem. São os indivíduos, vivendo e trabalhando, a modificam, os indivíduos não a modificam ao seu bel-prazer, mas a partir de certas condições históricas existentes.


De considerável valor, deve ser destacado o legado que deixaram às ciências sociais: a aplicação do materialismo dialético ao estudo dos fenômenos sociais. A sociologia encontrou também, nessa vertente de pensamento, inspiração para se tornar um empreendimento crítico e militante, desmistificador da civilização burguesa, e também um compromisso com a construção de uma ordem social na qual fossem eliminadas as relações da exploração entre as classes sociais.


A intenção de aferir à sociologia uma reputação científica encontra na figura de Max Weber (1864-1920) um marco de referência. Durante toda a sua vida, insistiu em estabelecer uma clara distinção entre o conhecimento científico, fruto de cuidadosa investigação, e os julgamentos de valor sobre a realidade. Com isso, desejava assinalar que um cientista não tinha o direito de possuir, a partir de sua profissão, preferências políticas e ideológicas.

A busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista, homem do saber, e o político, homem de ação e de decisão comprometido com as questões práticas da vida. O que a ciência tem a oferecer a esse homem de ação, segundo Weber, é um entendimento claro de sua conduta, das motivações e das conseqüências de seus atos.
Essa posição de Weber, constitui, ao isolar a sociologia dos movimentos revolucionários, um dos momentos decisivos d e sua profissionalização.

A idéia de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como profissão. Vários estudiosos da formação da sociologia têm assinalado, no entanto, que a neutralidade defendida por Weber foi um recurso utilizado por ele na luta pela liberdade intelectual, uma forma de manter a autonomia da sociologia em face da burocracia e do Estado alemão da época.


A produção da vasta obra de Weber ocorreu num período de grande surto de industrialização e crescimento econômico, levado a cabo por Bismarck e continuado por Guilherme II. Tratava-se de uma industrialização tardia, comparada com a industrialização da Inglaterra e da França. O capitalismo industrial alemão não nasceu de uma ruptura radical com as forças feudais tradicionais, tal como na sociedade francesa.

O arranque econômico da Alemanha dessa época foi realizado com base em um compromisso entre os interesses dos latifundiários prussianos - os Junkers - e os empresários industriais do Oeste Alemão. A classe trabalhadora, constituída por mais da metade da população, estava submetida a condições semelhantes as dos trabalhadores ingleses e franceses, o que a levava a desencadear, de forma organizada, uma luta por seus direitos políticos e sociais.


A debilidade da burguesia alemã da época para controlar o poder político, mesmo dominando a vida econômica, abriu um formidável espaço para a burocracia enfeixar em suas mãos a direção do Estado. Esta burocracia, que geralmente recrutava seus membros na nobreza, passava a impor a toda a sociedade suas opções políticas, exercendo um verdadeiro despotismo burocrático. É nesse contexto de impotência política da burguesia que Weber observou, certa vez, que o que o preocupava não era a ditadura do proletariado, mas sim a "ditadura do funcionário", numa clara alusão ao poder conferido ao funcionário prussiano.


A formação da sociologia desenvolvida por Weber é influenciada enormemente pelo contexto intelectual alemão de sua época. Incorporou em seus trabalhos algumas idéias de Kant, como a de que todo ser humano é dotado de capacidade e vontade para assumir uma posição consciente diante do mundo. Compartilhava com Nietzche uma visão pessimista e melancólica dos tempos modernos. Com Sombart possuía a preocupação de desvendar as origens do capitalismo. Em Heidelberg, em cuja universidade foi catedrático entre os anos de 1906 e 1910, entrou em contato com Troeltsch, estudioso da religião, que já havia evidenciado a ligação entre a teologia calvinista e a moral capitalista. Durante o período em que permaneceu naquela cidade, travou relações com figuras destacadas no meio acadêmico, como Toennies, Windelband, Simmel, Georg Lukács e vários outros.


Weber receberia também forte influência do pensamento marxista, que a essa época já havia penetrado o mundo político e universitário. Suas inúmeras pesquisas indicavam, até certo ponto, em sua visão, o acerto das relações estabelecidas por Marx entre economia, política e cultura. Mas para ele não possuía fundamento admitir o princípio de que a economia dominasse as demais esferas da realidade social. Para ele, só a realização de uma pesquisa detalhada sobre um determinado problema poderia definir que dimensão da realidade condiciona as demais.


A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação como ponto chave da investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das "instituições sociais" ou do "grupo social”, tão enfatizada pelo pensamento conservador.


A sua insistência em compreender as motivações das ações humanas levou-o a rejeitar a proposta do positivismo de transferir para a sociologia a metodologia de investigação utilizada pelas ciências naturais. Não havia, para ele, fundamento para esta proposta, uma vez que o sociólogo não trabalha sobre uma matéria inerte, como acontece com os cientistas naturais.A contrário do positivismo, que dava maior ênfase aos fatos, à realidade empírica, transformando geralmente o pesquisador num mero registrador de informações, a metodologia de Weber atribuía-lhe um papel ativo na elaboração do conhecimento.


A obra de Weber representou uma inegável contribuição à pesquisa sociológica, abrangendo os mais variados temas, como o direito, a economia, a história, a religião, a política, a arte, de modo destacado a música. Foi um dos precursores da pesquisa empírica na sociologia, efetuando investigações sobre os trabalhadores rurais alemães.


A análise da religião ocupou lugar central nas preocupações e nos trabalhos de Weber. Ao estudar os fenômenos da vida religiosa, desejava compreender a sua influência sobre a conduta econômica dos indivíduos. Com esse propósito, realizou investigações sobre as grandes religiões da Índia, da China etc. O seu trabalho "A ética protestante e o espírito do capitalismo", publicado em 1905, ficaria particularmente famoso nessa área de estudo. Tinha ele a intenção de examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica dos homens, procurando avaliar a contribuição da ética protestante, especialmente a calvinista, na promoção do moderno sistema econômico.


Weber reconhecia que o desenvolvimento do capitalismo devia-se em grande medida à acumulação de capital a partir do final da Idade Média, para ele, o capitalismo era também obra de ousados empresários que possuíam uma nova mentalidade diante da vida econômica, uma nova forma de conduta orientada por princípios religiosos. Em sua concepção, vários pioneiros do capitalismo pertenciam a diversas seitas puritanas e em função disso levavam uma vida pessoal e familiar bastante rígida. Suas convicções religiosas os levavam a considerar o êxito econômico como indício de bom sinal da benção de Deus. Como estes indivíduos não usufruíam seus lucros, estes eram avidamente acumulados e reinvestidos em suas atividades.


Este seu trabalho jamais teve a intenção de afirmar, como interpretaram erroneamente alguns de seus críticos, que a causa explicativa do capitalismo era a ética protestante, ou que os fenômenos culturais explicariam a vida econômica, apenas procurou assinalar que uma das causas do capitalismo, ao lado de outras, como os fatores políticos e tecnológicos, foi a ética de algumas seitas protestantes.


Ao contrário de Marx, não considerava o capitalismo um sistema injusto, irracional e anárquico, para ele, as instituições produzidas pelo capitalismo, como a grande empresa, constituíam clara demonstração de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. Exaltou em diversas oportunidades a formação histórica das sociedades inglesa e norte-americana, ressaltando a figura do empresário, considerado às vezes um verdadeiro revolucionário.


O capitalismo lhe parecia a expressão da modernização e uma eloqüente forma de racionalização do homem ocidental. No entanto, não manifestava grande entusiasmo pelas realizações da civilização ocidental. A crescente racionalização da vida no Ocidente, abrangendo campos como a música, o direito e a economia, provocava, em sua visão, um alto custo para o homem moderno. Esta escalada da razão, a sua utilização abusiva, levava a uma excessiva especialização, a um mundo cada vez mais intelectualizado e artificial, que abandonara para sempre os aspectos mágicos e intuitivos do pensamento e da existência.


Não via nenhum atrativo no movimento socialista, chegando mesmo a considerar que o Estado socialista acentuaria os aspectos negativos da racionalização e burocratização da vida contemporânea.

A obra de Weber, assim como a de Marx, Durkheim, Comte, Tocqueville, Le Play, Toennies, Spencer etc, constitui um momento decisivo na formação da sociologia, estruturando de certa forma as bases do pensamento sociológico.

Os clássicos da sociologia, independentemente de suas filiações ideológicas, procuraram explicar as grandes transformações por que passava a sociedade européia, principalmente as provocadas pela formação e desenvolvimento do capitalismo. Seus trabalhos forneceram preciosas informações sobre as condições da vida humana, sobre o problema do equilíbrio e da mudança social, sobre os mecanismos de dominação, sobre a burocratização e a alienação da época moderna, ao examinarem problemas históricos de seu tempo, forneceram uma imagem do conjunto da sociedade da época.



O DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento desta ciência tem como pano de fundo a existência de uma burguesia que se distanciara de seu projeto de igualdade e fraternidade, e que, crescentemente, se comportava no plano político de forma menos liberal e mais conservadora, utilizando intensamente os seus aparatos repressivos e ideológicos para assegurar a sua dominação.


O aparecimento das grandes empresas, monopolizando produtos e mercados, a eclosão de guerras entre as grandes potências mundiais, a intensificação da organização política do movimento operário e a realização de revoluções socialistas em diversos países eram realidades históricas que abalavam as crenças na perfeição da civilização capitalista. Estes mesmos fatos evidenciavam também o caráter transitório e passageiro da própria sociedade moldada pela burguesia.


A profunda crise em que mergulhou a civilização capitalista em nosso provocou sensíveis repercussões no pensamento sociológico contemporâneo, o desmoronamento da civilização capitalista, levado a cabo pelos diversos movimentos revolucionários e pela alternativa socialista fez com que o conhecimento científico fosse submetido aos interesses da ordem estabelecida. As ciências sociais, de modo geral, passaram a ser utilizadas para produzir um conhecimento útil e necessário à dominação vigente.


A antropologia foi largamente utilizada para facilitar a administração de populações colonizadas; a ciência econômica e a ciência política forneceram com bastante freqüência seus conhecimentos para a elaboração de estratégias de expansão econômica e militar das grandes potências capitalistas.Nas três primeiras décadas século XX, embora a burguesia já mostrasse sem disfarces a sua faceta conservadora e belicista, defrontando-se com um movimento operário organizado, e testemunhasse também um acontecimento como a instalação do poder soviético na Rússia, conseguia, não obstante, controlar até certo ponto as ameaças dos movimentos e dos grupos revolucionários.


Além disso, deve-se mencionar que a existência da monopolização das empresas e dos capitais daquelas décadas, embora consideráveis, evidentemente eram menos acentuadas do que são em nossos dias. Dessa forma, a burocratização do trabalho intelectual não era ainda uma realidade viva e concreta que aprisionava e inibia a imaginação dos sociólogos.

Resumo do livro "O que é Sociologia" de Carlos Benedito Martins

Resumo do livro "O que é Sociologia" de Carlos Benedito Martins com alguns acréscimos - 38ª ed. - São Paulo Brasiliense, 1994, (Coleção primeiros passos)

1ª parte:

Sociologia – o que é? Qual o objecto de estudo?

O termo sociologia foi criado por Auguste Comte para designar uma ciência geral da organização e evolução da sociedade. A vontade de conferir a esse conhecimento um carácter positivo e objectivo levou a sociologia a aplicar aos problemas sociais os métodos de pesquisa e formas de análise que permitissem estabelecer relações de causa-efeito entre os problemas e regras ou até ‘leis’ da organização social humana. O objecto de estudo da sociologia é muito abrangente e diversificado e os seus métodos e técnicas de análise também o são. A sociologia pretende demonstrar como os comportamentos sociais são afectados por factores estruturais e conjunturais e de como os indivíduos interagem nesses contextos.

O pensamento sociológico é de tipo científico pelo que pressupõe uma ruptura epistemológica com a maneira de pensar aprendida em comum na sociedade. A importância do estudo da sociologia fundamenta-se na crença dos sociólogos de que as representações,os hábitos, as maneiras de agir e de pensar estão estreitamente ligadas com os meios sociais nos quais se inserem os indivíduos. O indivíduo, sendo único, é também um elemento construtivo do fenómeno social. De acordo com Giddens “é tarefa da sociologia investigar o que a sociedade faz de nós e o que é que nós fazemos de nós próprios.”

A estrutura social é anterior a cada indivíduo mas depende de cada um (imanência e transcendência). Ela está em permanente mudança ou reestruturação, pela influência do desempenho de cada um em sociedade.

A sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações humanas – Estuda todos os símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para interagir e organizar a sociedade.A sociologia também pode ser compreendida como o estudo dos grupos sociais, dos fatos sociais, da divisão da sociedade em camadas (estratificação social), da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito na sociedade e desigualdades sociais.

Origens da Sociologia (fundadores e suas bases teóricas)

A sociologia pode ser entendida como uma das manifestações do pensamento moderno. A evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desde Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social.

A sua formação, seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações de existência que estavam em curso.

As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla revolução que este século testemunha - a industrial e a francesa - constituía os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista. A palavra sociologia apareceria somente um século depois, por volta de 1830, mas são os acontecimentos desencadeados pela dupla revolução que a precipitam e a tornam possível.

É uma ciência que se pode considerar recente, tendo a sua origem após as transformações sociais originadas pela Revolução Francesa e Revolução Industrial (séc. XVIII e XIX).

Augusto Comte (1798-1857) – Francês, é geralmente considerado o pai da sociologia pelo facto de ter sido o autor do termo que a designa. Inscreve-se no pensamento positivista e entendeu que a sociologia deveria constituir uma espécie de ciência física aplicada ao Homem. A sociologia seria o estudo do social com vista à reorganização dos modos de vida segundo padrões racionais, metódicos e positivos.

A revolução industrial significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor e dos sucessivos aperfeiçoamentos dos métodos produtivos. Ela representou o triunfo da indústria capitalista, capitaneada pelo empresário capitalista que foi pouco a pouco concentrando as máquinas, as terras e as ferramentas sob o seu controle, convertendo grandes massas humanas em simples trabalhadores despossuídos.

Cada avanço com relação à consolidação da sociedade capitalista representava a desintegração, o solapamento de costumes e instituições até então existentes e a introdução de novas formas de organizar a vida social. A utilização da máquina na produção não apenas destruiu o artesão independente, que possuía um pequeno pedaço de terra, cultivado nos seus momentos livres. Este foi também submetido á uma severa disciplina, a novas formas de conduta e de relações de trabalho, completamente diferentes das vividas anteriormente por ele.
Num período de oitenta anos, ou seja, entre 1780 e 1860, a Inglaterra havia mudado de forma acentuada. País com pequenas cidades, com uma população rural dispersa, passou a comportar enormes cidades, nas quais se concentravam suas nascentes indústrias, que espalharam produtos para o mundo inteiro.

Tais modificações não poderiam deixar de produzir novas realidades para os homens dessa época. A formação de uma sociedade que se industrializava e urbanizava em ritmo crescente implicava a reordenação da sociedade rural, a destruição da servidão, o desmantelamento da família patricial etc. A transformação da atividade artesanal em manufatureira e, por último, em atividade fabril, desencadeou uma maciça emigração do campo para a cidade, assim como engajou mulheres e crianças em jornadas de trabalho de mais de doze horas ao dia, sem férias e feriados, ganhando um salário de subsistência.

O desaparecimento dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos independentes, a imposição de prolongadas horas de trabalho etc, tiveram um efeito traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas habituais de vida. Estas transformações, faziam-se mais visíveis nas cidades industriais, local para onde convergiam todas estas modificações e explodiam suas conseqüências. Estas cidades passavam por um vertiginoso crescimento demográfico, sem possuir, no entanto, uma estrutura de moradias, de serviços sanitários, de saúde, capaz de acolher a população que se deslocava do campo. As conseqüências da rápida industrialização e urbanização levadas a cabo pelo sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas: aumento assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade, da violência, de surtos de epidemia de tifo e cólera que dizimaram parte da população etc.

Um dos fatos de maior importância relacionados com a revolução industrial é sem dúvida o aparecimento do proletariado e o papel histórico que ele desempenharia na sociedade capitalista. Os efeitos catastróficos que esta revolução acarretava para a classe trabalhadora levaram-na a negar suas condições de vida. As manifestações de revolta dos trabalhadores atravessaram diversas fases, como a destruição das máquinas, atos de sabotagem e explosão de algumas oficinas, roubos e crimes, evoluindo para a criação de associações livres, formação de sindicatos etc. A conseqüência desta crescente organização foi a de que os "pobres" deixaram de se confrontar com os "ricos"; mas uma classe específica, a classe operária, com consciência de seus interesses, começava a organizar-se para enfrentar os proprietários dos instrumentos de trabalho.
Nesta trajetória, iam produzindo seus jornais, sua própria literatura, procedendo a uma crítica da sociedade capitalista e inclinando-se para o socialismo como alternativa de mudança.
Qual a importância desses acontecimentos para a sociologia? O que merece ser salientado é que a profundidade das transformações em curso colocava a sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a se constituir em "problema", em "objeto" que deveria ser investigado. Os pensadores ingleses que testemunhavam estas transformações e com elas se preocupam não eram, no entanto, homens de ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram antes de tudo homens voltados para a ação, que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade. Participavam ativamente dos debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas. Eles não desejavam produzir um mero conhecimento sobre as novas condições de vida geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair dele orientações para a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu tempo.

O que significa que os precursores da sociologia foram recrutados entre militantes políticos, entre indivíduos que participavam e se envolviam profundamente com os problemas de suas sociedades.

Owen (1771-1858), William Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832), alguns dos pensadores daquele momento histórico, discordavam entre si ao julgarem as novas condições de vida provocadas pela revolução industrial e as modificações que deveriam ser realizadas na sociedade industrial, mas todos eles concordavam que ela produzira fenômenos inteiramente novos que mereciam ser analisados.

O que eles refletiram e escreveram foi de fundamental importância para a formação e constituição de um saber sobre a sociedade.A sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas situações colocadas pela revolução industrial. Boa parte de seus temas de análise e de reflexão foi retirada das novas situações, como, por exemplo, a situação da classe trabalhadora, o surgimento da cidade industrial, as transformações tecnológicas, a organização do trabalho na fábrica etc.

O surgimento da sociologia, prende-se em parte aos abalos provocados pela revolução industrial, pelas novas condições de existência por ela criadas. Mas uma outra circunstância concorreria também para a sua formação. Trata-se das modificações que vinham ocorrendo nas formas de pensamento. As transformações econômicas, que se achavam em curso no ocidente europeu desde o século XVI, não poderiam deixar de provocar modificações na forma de conhecera natureza e a cultura.

A partir daquele momento, o pensamento vai renunciando a uma visão sobrenatural para explicar os fatos e substituindo-a por uma indagação racional. A aplicação da observação e da experimentação, do método científico para a explicação da natureza, conhecia uma fase de grandes progressos.

O pensamento filosófico do século XVII contribuiu para popularizar os avanços do pensamento científico. Para Francis Bacon (1561 - 1626), por exemplo, a teologia deixaria de ser a forma norteadora do pensamento. A autoridade, que exatamente constituía um dos alicerces da teologia, deveria, em sua opinião, ceder lugar a uma dúvida metódica, a fim de possibilitar um conhecimento objetivo da realidade. Para ele, o novo método de conhecimento, baseado na observação e na experimentação, ampliaria infinitamente o poder do homem e deveria ser estendido e aplicado ao estudo da sociedade.

O emprego sistemático da razão, do livre exame da realidade - traço que caracterizava os pensadores do século XVI I, os chamados racionalistas, representou um grande avanço para libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da "revelação" e, conseqüentemente, para a formulação de uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura.O progressivo abandono da autoridade, do dogmatismo e de uma concepção providencial, enquanto atitudes intelectuais para analisar a realidade, não constituía um acontecimento circunscrito apenas ao campo científico ou filosófico.
A literatura do século XVII, por exemplo, constituía uma outra área que ia se afastando do pensamento oficial, na medida em que se rebelava contra a criação literária legitimada pelo poder. A obra de vários autores dessa época investia contra as instituições oficiais, procurando desmascarar os fundamentos do poder político, contribuindo assim para a renovação dos costumes e hábitos mentais dos homens da época.

Se no século XVIII os dados estatísticos voavam indicando uma produtividade antes desconhecida, o pensamento social deste período também realizava seus voos rumo a novas descobertas. A pressuposição de que o processo histórico possui uma lógica passível de ser apreendida constituiu um acontecimento que abria novas pistas para a investigação racional da sociedade. Este enfoque, por exemplo estava na obra de Vico (1668 - 1744), para o qual é o homem quem produz a história. Apoiando-se nesse ponto de vista, afirmava que a sociedade podia ser compreendida porque, ao contrário da natureza, ela constitui obra dos próprios indivíduos.
Essa postura diante da sociedade, que encontra em Vico um de seus expoentes, influenciou os historiadores escoceses da época, como David Hume (1711-1776) e Adam Ferguson (1723-1816), e seria posteriormente desenvolvida e amadurecida por Hegel e Marx.

Data também dessa época a disposição de tratar a sociedade a partir do estudo de seus grupos e não dos indivíduos isolados. Essa orientação estava, por exemplo, nos trabalhos de Ferguson, que acrescentava que para o estudo da sociedade era necessário evitar conjecturas e especulações. A obra deste historiador escocês revela a influência de algumas idéias de Bacon, como a de que ë a indução, e não a dedução, que nos revela a natureza do mundo, e a importância da observação enquanto instrumento para a obtenção do conhecimento.

No entanto, é entre os pensadores franceses do século XVIII que encontramos um grupo de filósofos que procurava transformar não apenas as velhas formas de conhecimento, baseadas na tradição e na autoridade, mas a própria sociedade. Os iluministas, enquanto ideólogos da burguesia, que nesta época posicionava-se de forma revolucionária, atacaram com veemência os fundamentos da sociedade feudal, os privilégios de sua classe dominante e as restrições que esta impunha aos interesses econômicos e políticos da burguesia.

Para proceder a uma indagação crítica da sociedade da época, os iluministas partiram dos seus antecessores do século XVII, como Descartes, Bacon, Hobbes e outros, reelaborando, porém, algumas de suas idéias e procedimentos. Ao invés de utilizar a dedução, como a maioria dos pensadores do século XVII, os iluministas insistiam numa explicação da realidade baseada no modelo das ciências da natureza. Nesse sentido, eram influenciados mais por Newton, com seu modelo de conhecimento baseado na observação, na experimentação e na acumulação de dados.
Influenciado por esse estado de espírito, Condorcet (1742-1794), desejava aplicar os métodos matemáticos ao estudo dos fenômenos sociais, estabelecendo uma área própria de investigação a que denominava "matemática social".

Combinando o uso da razão e da observação, os iluministas analisaram quase todos os aspectos da sociedade. Os trabalhos de Montesquieu (1689-1755), estabelecem uma série de observações sobre a população, o comércio, a religião, a moral, a família etc. O objetivo dos iluministas, ao estudar as instituições de sua época, era demonstrar que elas eram irracionais e injustas, que atentavam contra a natureza dos indivíduos e, nesse sentido, impediam a liberdade do homem. Concebiam o indivíduo como dotado de razão, possuindo uma perfeição inata e destinado à liberdade e à igualdade social. Ora, se as instituições existentes constituíam um obstáculo à liberdade do indivíduo e à sua plena realização, elas, segundo eles, deveriam ser eliminadas. Dessa forma reivindicavam a liberação do indivíduo de todos os laços sociais tradicionais, tal como as corporações, a autoridade feudal etc.

Procedendo desta forma, os iluministas conferiam uma clara dimensão crítica e negadora ao conhecimento, pois este assumia a tarefa não só de conhecer o mundo natural ou social tal como se apresentavam, mas também de criticá-lo e rejeita-lo.

O "homem comum" dessa época também deixava, cada vez mais, de encarar as instituições sociais, as normas, como fenômenos sagrados e imutáveis, submetidos a forças sobrenaturais, passando a percebê-las como produtos da atividade humana, portanto passíveis de serem conhecidas e transformadas.

Na França, o conflito entre as novas forças sociais ascendentes chocava-se com uma típica monarquia absolutista, que assegurava consideráveis privilégios a aproximadamente quinhentas mil pessoas, isso num país que possuía ao final do século XVIII uma população de vinte e três milhões de indivíduos. Esta camada privilegiada não apenas gozava de isenção de impostos e possuía direitos para receber tributos feudais, mas impedia ao mesmo tempo a constituição da livre-empresa, a exploração eficiente da terra e demonstrava-se incapaz de criar uma administração padronizada através de uma política tributária racional e imparcial.

A burguesia, ao tomar o poder em 1789, investiu decididamente contra os fundamentos da sociedade feudal, procurando construir um Estado que assegurasse sua autonomia em face da Igreja e que protegesse e incentivasse a empresa capitalista. Para a destruição do "ancien régime", foram mobilizadas as massas, especialmente os trabalhadores pobres das cidades. A investida da burguesia rumo ao poder, sucedeu-se uma liquidação sistemática do velho regime. A revolução ainda não completara um ano de existência, mas fora suficientemente intempestiva para liquidar a velha estrutura feudal e o Estado monárquico.

O objetivo da revolução de 1789 não era apenas mudar a estrutura do Estado, mas abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, com suas instituições tradicionais, seus costumes e hábitos arraigados, e ao mesmo tempo promover profundas inovações na economia, na política, na vida cultural etc. É dentro desse contexto que se situam a abolição dos grêmios e das corporações e a promulgação de uma legislação que limitava os poderes patriarcais na família, coibindo os abusos da autoridade do pai, forçando-o a uma divisão igualitária da propriedade. A revolução desferiu também seus golpes contra a Igreja, confiscando suas propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado as funções da educação, tradicionalmente controladas pela Igreja. Investiu contra e destruiu os antigos privilégios de classe, amparou e incentivou o empresário.

O impacto da revolução foi tão profundo que, passados quase setenta anos do seu triunfo, Alexis de Tocqueville, um importante pensador francês, referia-se a ela da seguinte maneira:
"A Revolução segue seu curso: à medida que vai aparecendo a cabeça do monstro, descobre-se que, após ter destruído as instituições políticas ela suprime as instituições civis e muda, em seguida, as leis, os usos, os costumes e até a língua; após ter arruinado a estrutura do governo, mexe nos fundamentos da sociedade e parece querer agredir até Deus; quando esta mesma Revolução expande-se rapidamente por toda a parte com procedimentos desconhecidos, novas táticas, máximas mortíferas, poder espantoso que derruba as barreiras dos impérios, quebra coroas, esmaga povos e - coisa estranha - chega ao mesmo tempo a ganhá-los para a sua causa; à medida que todas estas coisas explodem, o ponto de vista muda. O que à primeira vista parecia aos príncipes da Europa e aos estadistas um acidente comum na vida dos povos, tornou-se um fato novo, tão contrário a tudo que aconteceu antes no mundo e no entanto tão geral, tão monstruoso, tão incompreensível que, ao apercebê-lo, o espírito fica como que perdido".

O espanto de Tocqueville diante da nova realidade inaugurada pela revolução francesa seria compartilhado também por outros intelectuais do seu tempo. Durkheim, por exemplo, um dos fundadores da sociologia, afirmou certa vez que a partir do momento em que "a tempestade revolucionária passou, constituiu-se como que por encanto a noção de ciência social". O fato é que pensadores franceses da época, como Saint-Simon, Comte. Le Play e alguns outros, concentrarão suas reflexões sobre a natureza e as conseqüências da revolução. Em seus trabalhos, utilizarão expressões como "anarquia", "perturbação", "crise", "desordem", para julgar a nova realidade provocada pela revolução.

A tarefa que esses pensadores se propõem é a de racionalizar a nova ordem, encontrando soluções para o estado de "desorganização" então existente. Mas para restabelecer a "ordem e a paz", pois é a esta missão que esses pensadores se entregam, para encontrar um estado de equilíbrio na nova sociedade, seria necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem os fatos sociais, instituindo portanto uma ciência da sociedade.

A verdade é que a burguesia, uma vez instalada no poder, se assusta com a própria revolução. Uma das facções revolucionárias, por exemplo, os jacobinos, estava disposta a aprofundá-la, radicalizando-a e levando-a até o fim, situando-a além do projeto e dos interesses da burguesia. Para contornar a propagação de novos surtos revolucionários, enquanto estratégia para modificação das sociedades, seria necessário, de acordo com os interesses da burguesia, controlar e neutralizar novos levantes revolucionários. Nesse sentido, era de fundamental importância proceder a modificações substanciais em sua teoria da sociedade.

A interpretação crítica e negadora da realidade, que constituiu um dos traços marcantes do pensamento iluminista e alimentou o projeto revolucionário da burguesia, deveria de agora em diante ser "superada" por uma outra que conduzisse não mais à revolução, mas à "organização", ao "aperfeiçoamento" da sociedade.

A tarefa que os fundadores da sociologia assumem é, portanto, a de estabilização da nova ordem. Comte também é muito claro quanto a essa questão. Para ele, a nova teoria da sociedade, que ele denominava de "positiva", deveria ensinar os homens a aceitar a ordem existente, deixando de lado, a sua negação.

A França, no início do século XIX, ia se tornando uma sociedade industrial, com uma introdução progressiva da maquinaria, principalmente no setor têxtil, contudo o desenvolvimento acarretado por essa industrialização causava aos operários franceses miséria e desemprego.Essa situação logo encontraria resposta por parte da classe trabalhadora.Com a industrialização da sociedade francesa, repetem-se determinadas situações sociais vividas pela Inglaterra no início de sua revolução industrial.

A partir da terceira década do século XIX, intensificam-se na sociedade francesa as crises econômicas e as lutas de classes. A contestação da ordem capitalista, levada a fim pela classe trabalhadora, passa a ser reprimida com violência. Cada vez mais ficava claro para a burguesia e seus representantes intelectuais que a filosofia iluminista, que passava a ser designada por eles como "metafísica", "atividade crítica inconseqüente", não seria capaz de interromper aquilo que denominavam estado de "desorganização", de "anarquia política" e criar uma ordem social estável.

Determinados pensadores da época estavam imbuídos da crença de que para introduzir uma "higiene" na sociedade, para "reorganizá-la", seria necessário fundar uma nova ciência. Durkheim, ao discutir a formação da sociologia na França do século XIX, refere-se a Saint-Simon da seguinte forma:

"O desmoronamento do antigo sistema social, ao instigar a reflexão à busca de um remédio para os males de que a sociedade padecia, incitava-o por isso mesmo a aplicar-se às coisas coletivas. Partindo da idéia de que a perturbação que atingia as sociedades européias resultava do seu estado de desorganização intelectual, ele entregou-se à tarefa de pôr termo a isto. Para refazer uma consciência nas sociedades, são estas que importa, antes de tudo, conhecer. Ora, esta ciência das sociedades, a mais importante de todas, não existia; era necessário, portanto, num interesse prático, fundá-la sem demora".

Como se percebe pela afirmação de Durkheim, esta ciência surge com interesses práticos e não "como que por encanto", como havia afirmado.

Enquanto resposta intelectual à "crise social" de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalorizar determinadas instituições que segundo eles desempenham papéis fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem ciência assumia como tarefa intelectual repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social, destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. Assim, por exemplo, Le Play (1806-1882) afirmaria que é a família e não o indivíduo isolado que possuía significação para uma compreensão da sociedade, pois era uma unidade fundamental para a experiência do indivíduo e elemento importante para o conhecimento da sociedade.
Ao realizar um vasto estudo sobre as famílias de trabalhadores, insistia que estas, sob a industrialização, haviam se tornado descontínuas, inseguras e instáveis. Diante de tais fatos, propunha como solução para a restauração de seu papel de "unidade social básica" a reafirmação da autoridade do "chefe de família", evitando a igualdade jurídica de homens e mulheres, delimitando o papel da mulher às funções exclusivas de mãe, esposa e filha.

Procedendo dessa forma, esta sociologia inicial revestiu-se de um indisfarçável conteúdo estabilizador, ligando-se aos movimentos de reforma conservadora da sociedade.
Na concepção de um de seus fundadores, Comte, a sociologia deveria orientar-se no sentido de conhecer e estabelecer aquilo que ele denominava leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração crítica, eliminando também qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão da igualdade, da justiça, da liberdade. Vejamos como ele a define e quais objetivos deveria ela perseguir, na sua concepção:

"Entendo por física social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos fenômenos sociais, segundo o mesmo espírito com que são considerados os fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos, isto é, submetidos aleis invariáveis, cuja descoberta é o objetivo de suas pesquisas. Os resultados de suas pesquisas tornam-se o ponto de partida positivo dos trabalhos do homem de Estado, que só tem, por assim dizer, como objetivo real descobrir e instituir as formas práticas correspondentes a esses dados fundamentais, a fim de evitar ou pelo menos mitigar, quanto possível, as crises mais ou menos graves que um movimento espontâneo determina, quando não foi previsto. Numa palavra, a ciência conduz à previdência, e a previdência permite regular a ação".

Não deixa de ser sugestivo o termo "física social", utilizado por Comte para referir-se à nova ciência, uma vez que ele expressa o desejo de construí-la a partir dos modelos das ciências físico-naturais. A oficialização da sociologia foi portanto em larga medida uma criação do positivismo, e uma vez assim constituída procurará realizar a legitimação intelectual do novo regime.

Esta sociologia de inspiração positivista procurará construir uma teoria social separada não apenas da filosofia negativa, mas também da economia política como base para o conhecimento da realidade social. Separando a filosofia e a economia política, isolando-as do estudo da sociedade, esta sociologia procura criar um objeto autônomo, "o social", postulando uma independência dos fenômenos sociais em face dos econômicos.

Não será esta sociologia, criada e moldada pelo espírito positivista, que colocará em questão os fundamentos da sociedade capitalista, já então plenamente configurada. Também não será nela que o proletariado encontrará a sua expressão teórica e a orientação para suas lutas práticas. É no pensamento socialista, em suas diferentes nuances, que o proletariado, buscará seu referencial teórico para levar adiante as suas lutas na sociedade de classes. É neste contexto que a sociologia vincula-se ao socialismo e a nova teoria crítica da sociedade passa a estar ao lado dos interesses da classe trabalhadora.

Envolvendo-se desde o seu início nos debates entre as classes sociais, nas disputas e nos antagonismos que ocorriam no interior da sociedade, a sociologia sempre foi algo mais do que mera tentativa de reflexão sobre a moderna sociedade. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um desejo de interferir no rumo desta civilização, tanto para manter como para alterar os fundamentos da sociedade que a impulsionaram e a tornaram possível.

A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a formação da sociologia. As alternativas históricas existentes nessa sociedade, seja a de sua conservação ou de sua transformação radical, eram situações reais com que se deparavam os pioneiros da sociologia. Este contexto histórico influenciou enormemente suas visões a respeito de como deveria ser analisada a sociedade, refletindo-se também no conteúdo político de seus trabalhos.

O caráter antagônico da sociedade capitalista, ao impedir um entendimento comum por parte dos sociólogos em torno ao objeto e aos métodos de investigação desta disciplina, deu margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas ou distintas sociologias, como preferem afirmar alguns sociólogos.A sociologia surgiu num momento de grande expansão do capitalismo. Alguns sociólogos assumiram uma atitude de otimismo diante da sociedade capitalista nascente, identificando os valores e os interesses da classe dominante como representativas do conjunto da sociedade. A perspectiva que os norteava era a de buscar o pleno funcionamento de suas instituições econômicas e políticas. Os conflitos e as lutas em que se envolviam as classes sociais, constituíam para alguns deles fenômenos passageiros, passíveis de serem superados.

Uma das tradições sociológicas, que se comprometeu com a defesa da ordem instalada pelo capitalismo, encontrou no pensamento conservador uma rica fonte de inspiração para formular seus principais conceitos explicativos da realidade.Os conservadores, que foram chamados de "profetas do passado", construíram suas obras contra a herança dos filósofos iluministas, a inspiração do pensamento conservador era a sociedade feudal, com sua estabilidade e acentuada hierarquia social. Não estavam interessados em defender uma sociedade moldada a partir de determinados princípios defendidos pelos filósofos iluministas, nem um capitalismo que mais e mais se transformava, apresentando sua faceta industrial e financeira.

O ponto de partida dos conservadores foi o impacto da Revolução Francesa, que julgavam um castigo de Deus à humanidade. Não cansavam de responsabilizar os iluministas e suas idéias como um dos elementos desencadeadores da Revolução de 1789. Consideravam as crenças iluministas como aniquiladoras da propriedade, da autoridade, da religião e da própria vida. Os conservadores eram defensores apaixonados das instituições religiosas, monárquicas e aristocráticas que se encontravam em processo de desmoronamento, tendo alguns deles, inclusive, interesses diretos na preservação destas instituições.

Pensadores como Edmund Burke (1729-1797), Joseph de Maistre (1754-1821), Louis de Bonald (1754-1840) e outros procuraram desmontar todo o ideário dos filósofos do século dezoito, atacando suas concepções do homem, da sociedade e da religião, posicionando-se abertamente contra as crenças iluministas. A sociedade moderna, na visão conservadora, estava em franco declínio. Não viam nenhum progresso numa sociedade cada vez mais alicerçada no urbanismo, na indústria, na tecnologia, na ciência e no igualitarismo. Lastimavam o enfraquecimento da família, da religião, da corporação etc. Na verdade, julgavam eles, a época moderna era dominada pelo caos social, pela desorganização e pela anarquia.

Ao fazer a crítica da modernidade, inaugurada por acontecimentos como a economia industrial, o urbanismo, a Revolução Francesa, os conservadores estavam tecendo uma nova teoria sobre a sociedade cujas atenções centravam-se no estudo de instituições sociais como a família, a religião, o grupo social, e a contribuição delas para a manutenção da ordem social.As idéias dos conservadores constituíam um ponto de referência para os pioneiros da sociologia, interessados na preservação da nova ordem econômica e política que estava sendo implantada nas sociedades européias ao final do século passado.

E entre os autores positivistas, de modo destacado Saint-Simon, Auguste Comte e Emile Durkkheim, que as idéias dos conservadores exerceriam uma grande influência. Alguns deles chegavam a afirmar que a "escola retrógrada", por eles considerada imortal, seria sempre merecedora da admiração e da gratidão dos positivistas. São estes autores que, iniciarão o trabalho de rever uma série de idéias dos conservadores, procurando dar a elas uma nova roupagem, com o propósito de defender os interesses dominantes da sociedade capitalista.

É comum encontrarmos a inclusão de Saint-Simon (1760-1825) entre os primeiros pensadores socialistas. O próprio Engels rendeu-lhe homenagem reputando algumas de suas descobertas geniais, vendo nelas o germe de futuras idéias socialistas. Mas, por outro lado, ele também é saudado como um dos fundadores do positivismo. Durkheim costumava afirmar que o considerava o iniciador do positivismo e o verdadeiro pai da sociologia, em vez de Comte, que tem merecido esse destaque. Saint-Simon sofreu a influência de idéias iluministas e revolucionárias, mas também foi seduzido pelo pensamento conservador.

Mesmo tendo uma visão otimista da sociedade industrial, ele admitia a existência de conflitos entre os possuidores e os não possuidores. No entanto, acreditava que os primeiros tinham a possibilidade de atenuar este conflito apelando a medidas repressivas ou elaborando novas normas que orientassem a conduta dos indivíduos.Admitia que a segunda escolha era mais eficiente e racional. Caberia, portanto, à ciência da sociedade descobrir essas novas normas que pudessem guiar a conduta da classe trabalhadora, refreando seus possíveis ímpetos revolucionários. Jamais ocultou sua crença de que as melhorias das condições de vida dos trabalhadores deveriam ser iniciativa da elite formada pelos industriais e cientistas.Várias das idéias de Saint-Simon.seriam retomadas por Auguste Comte (1798-1857).

Durante um certo período, Comte foi seu secretário particular, até que se desentenderam intelectualmente. Vários historiadores do pensamento social têm observado que Comte, em boa medida, deve suas principais idéias a Saint-Simon. Ao contrário desse pensador, que possuía uma faceta progressista, posteriormente incorporada ao pensamento socialista, Comte é um pensador inteiramente conservador, um defensor sem ambigüidades da nova sociedade.

A motivação da obra de Comte repousa no estado de "anarquia" e de "desordem" de sua época histórica. Segundo ele, as sociedades européias se encontravam em um profundo estado de caos social. Em sua visão, as idéias religiosas haviam há muito perdido sua força na conduta dos homens e não seria a partir delas que se daria a reorganização da nova sociedade. Muito menos das idéias dos iluministas.Para ele, a propagação das idéias iluministas em plena sociedade industrial somente poderia levar à desunião entre os homens. Para haver coesão e equilíbrio na sociedade seria necessário restabelecer a ordem nas idéias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crenças comuns a todos os Homens.

Convicto de que a reorganização da sociedade exigiria a elaboração de uma nova maneira de conhecera realidade, Comte procurou estabelecer os princípios que deveriam nortear os conhecimentos humanos. Seu ponto de partida era a ciência e o avanço que ela vinha obtendo em todos os campos de investigação.

A verdadeira filosofia, no seu entender, deveria proceder diante da realidade de forma "positiva". A escolha desta última palavra tinha a intenção de diferenciar a filosofia por ele criada da do século dezoito, que era negativa, ou seja, contestava as instituições sociais que ameaçavam a liberdade dos homens. A sua filosofia positiva era, nesse sentido, uma clara reação às tendências dos iluministas.
O espírito positivo, em oposição à filosofia iluminista, que em sua visão apenas criticava, não possuía caráter destrutivo, mas estava exatamente preocupado em organizar a realidade.Em seus trabalhos, sociologia e positivismo aparecem intimamente ligados, uma vez que a criação desta ciência marcaria o triunfo final do positivismo no pensamento humano. O advento da sociologia representava para Comte o coroamento da evolução do conhecimento científico, já constituído em varias áreas do saber. A matemática, a astronomia, a física, a química eram ciências que já se encontravam formadas, faltando, no entanto, fundar uma "física social", ou seja, a sociologia. Ela deveria utilizar em suas investigações os mesmos procedimentos das ciências naturais, tais como a observação, a experimentação, a comparação etc.

O positivismo procurou oferecer uma orientação geral para a formação da sociologia ao estabelecer que ela deveria basicamente proceder em suas pesquisas com o mesmo estado de espírito que dirigia a astronomia ou a física rumo a suas descobertas. A sociologia deveria, tal como as demais ciências, dedicar-se à busca dos acontecimentos constantes e repetitivos da natureza.

Comte considerava como um dos pontos altos de sua sociologia a reconciliação entre a "ordem" e o "progresso", pregando a necessidade mútua destes dois elementos para a nova sociedade. Inversamente, argumentava, os revolucionários preocupavam-se tão somente com o "progresso", menosprezando a necessidade de ordem na sociedade. A sociologia positivista considerava que a ordem existente era, sem dúvida alguma, o ponto de partida para a construção da nova sociedade. Admitia Comte que algumas reformas poderiam ser introduzidas na sociedade, mudanças que seriam comandadas pelos cientistas e industriais, de tal modo que o progresso constituiria uma conseqüência suave e gradual da ordem.

Também para Durkheim (1858-1917) a questão da ordem social seria uma preocupação constante. De forma sistemática, ocupou-se também com estabelecer o objeto de estudo da sociologia, assim como indicar o seu método de investigação. É através dele que a sociologia penetrou a Universidade, conferindo a esta disciplina o reconhecimento acadêmico.

Sua obra foi elaborada num período de constantes crises econômicas, que causavam desemprego e miséria entre os trabalhadores, ocasionando o aguçamento das lutas de classes, com os operários passando a utilizar a greve como instrumento de luta e fundando os seus sindicatos. Não obstante esta situação de conflito, o início do século XX também é marcado por grandes progressos no campo tecnológico, como a utilização do petróleo e da eletricidade como fontes de energia, o que criava um certo clima de euforia e de esperança em torno do progresso econômico.
Vivendo numa época em que as teorias socialistas ganhavam terreno, Durkheim não podia desconhecê-las, tanto que as suas idéias, em certo sentido, constituíam a tentativa de fornecer uma resposta às formulações socialistas. Discordava das teorias socialistas, principalmente quanto à ênfase que elas atribuíam aos fatos econômicos para diagnosticar a crise das sociedades européias.
Durkheim acreditava que a raiz dos problemas de seu tempo não era de natureza econômica, mas sim uma certa fragilidade da moral da época em orientar adequadamente o comportamento dos indivíduos. Com isto, procurava destacar que os programas de mudança esboçados pelos socialistas, que implicavam modificações na propriedade e na redistribuição da riqueza, ou seja, medidas acentuadamente econômicas, não contribuíam para solucionar os problemas da época.
Para ele, seria de fundamental importância encontrar novas idéias morais capazes de guiar a conduta dos indivíduos.
Considerava que a ciência poderia, através de suas investigações, encontrar soluções nesse sentido. Compartilhava com Saint-Simon a crença de que os valores morais constituíam um dos elementos eficazes para neutralizar as crises econômicas e políticas de sua época histórica. Acreditava também que era a partir deles que se poderia criar relações estáveis e duradouras entre os homens.

Possuía uma visão otimista da nascente sociedade industrial. Considerava que a crescente divisão do trabalho que estava ocorrendo a todo vapor na sociedade européia acarretava, ao invés de conflitos sociais, um sensível aumento da solidariedade entre os homens. De acordo com ele, cada membro da sociedade, tendo uma atividade profissional mais especializada, passava a depender cada vez mais do outro. Julgava, assim, que o efeito mais importante da divisão de trabalho não era o seu aspecto econômico, ou seja, o aumento da produtividade, mas sim o fato de que ela tornava possível a união e a solidariedade entre os homens.

Segundo Durkheim, a divisão do trabalho deveria em geral provocar uma relação de cooperação e de solidariedade entre os homens. No entanto, como as transformações sócio-econômicas ocorriam velozmente nas sociedades européias, inexistia ainda, de acordo com ele, um novo e eficiente conjunto de idéias morais que pudesse guiar o comportamento dos indivíduos. Tal fato dificultava o "bom funcionamento" da sociedade. Esta situação fazia com que a sociedade industrial experimentasse uma ausência de regras claramente estabelecidas. Para Durkheim, era uma demonstração contundente de que a sociedade encontrava-se socialmente doente. As freqüentes ondas de suicídios na nascente sociedade industrial foram analisadas por ele como um bom indício de que a sociedade encontrava-se incapaz de exercer controle sobre o comportamento de seus membros.

Preocupado em estabelecer um objeto de estudo e um método para a sociologia, Durkheim dedicou-se a esta questão, salientando que nenhuma ciência poderia se constituir sem uma área própria de investigação. A sociologia deveria tornar-se uma disciplina independente, pois existia um conjunto de fenômenos na realidade que distinguia-se daqueles estudados por outras ciências, a sociologia deveria se ocupar, de acordo com ele, com os fatos sociais que se apresentavam aos indivíduos como exteriores e coercitivos.
O que ele desejava salientar com isso é que um indivíduo, ao nascer, já encontra pronta e constituída a sociedade. Assim, o direito, os costumes, as crenças religiosas, o sistema financeiro foram criados não por ele, mas pelas gerações passadas, sendo transmitidos às novas através do processo de educação.

As nossas maneiras de comportar, de sentir as coisas além de serem criadas e estabelecidas "pelos outros", através das gerações passadas, possuem a qualidade de serem coercitivas. Com isso, Durkheim desejava assinalar o caráter impositivo dos fatos sociais, pois segundo ele comportamo-nos segundo o figurino das regras socialmente aprovadas.Ao enfatizar ao longo de sua obra o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, Durkheim menosprezou a criatividade dos homens no processo histórico. Estes surgem sempre, em sua sociologia, como seres passivos, jamais como sujeitos capazes de negar e transformar a realidade histórica.

O positivismo durkheimiano acreditava que a sociedade poderia ser analisada da mesma forma que os fenômenos da natureza. A partir dessa suposição, recomendava que o sociólogo utilizasse em seus estudos os mesmos procedimentos das ciências naturais. Costumava afirmar que, durante as suas investigações, o sociólogo precisava se encontrar em um estado de espírito semelhante ao dos físicos ou químicos.

A função da sociologia, nessa perspectiva, seria a de detectar e buscar soluções para os "problemas sociais", restaurando a "normalidade social" e se convertendo dessa forma numa técnica de controle social e de manutenção do poder vigente. O seu pensamento marcou decisivamente a sociologia contemporânea, principalmente as tendências que têm se preocupado com a questão da manutenção da ordem social.
Sua influência no meio acadêmico francês foi quase imediata, formando vários discípulos que continuaram a desenvolver as suas preocupações. A sua influência fora do meio acadêmico francês começou um pouco mais tarde, por volta de 1930, quando, na Inglaterra, dois antropólogos, Malinowski e RadcliffeBrown, armaram a partir de seus trabalhos os alicerces do método de investigação funcionalista (busca de explicação das instituições sociais e culturais em termos da contribuição que estas fornecem para a manutenção da estrutura social).

No Estados Unidos, a partir daquela data, as suas idéias começaram a ganhar terreno no meio universitário, exercendo grande fascínio em inúmeros pesquisadores. Foram dois sociólogos americanos, Mertom e Parsons, em boa medida os responsáveis pelo desenvolvimento do funcionalismo moderno e pela integração da contribuição de Durkheim ao pensamento sociológico contemporâneo, destacando a sua contribuição ao progresso teórico desta disciplina.

Se a preocupação básica do positivismo foi com a manutenção e a preservação da ordem capitalista, é o pensamento socialista que procurará realizar uma crítica radical a esse tipo histórico de sociedade, colocando em evidência os seus antagonismos e contradições. É a partir de sua perspectiva teórica que a sociedade capitalista passa a ser analisada como um acontecimento transitório. O aparecimento de uma classe revolucionária na sociedade - o proletariado - cria as condições para o surgimento de uma nova teoria crítica da sociedade, que assume como tarefa teórica a explicação crítica da sociedade e como objetivo final a sua superação.

A formação e o desenvolvimento do conhecimento sociológico crítico e negador da sociedade capitalista sem dúvida liga-se à tradição do pensamento socialista, que encontra em Marx (1818-1883) e Engels (1820-1903) a sua elaboração mais expressiva. Estes pensadores não estavam preocupados em fundar a sociologia como disciplina específica.

Em suas obras, disciplinas que hoje chamamos de antropologia, ciência política, economia, sociologia, estão profundamente interligadas, procurando oferecer uma explicação da sociedade como um todo, colocando em evidência as suas dimensões globais.Seus trabalhos foram elaborados com bastante freqüência, no calor das lutas políticas.

A formação teórica do socialismo marxista constitui uma complexa operação intelectual, na qual são assimiladas de maneira crítica as três principais correntes do pensamento europeu do século passado, ou seja, o socialismo, a dialética e a economia política.

O socialismo pré-marxista, também denominado "socialismo utópico", constituía portanto uma clara reação à nova realidade implantada pelo capitalismo, principalmente quanto às suas relações de exploração. Marx e Engels, ao tomarem contato com a literatura socialista da época, assinalaram as brilhantes idéias de seus antecessores.No entanto, não deixaram de elaborar algumas críticas a este socialismo, a fim de dar-lhe maior consistência teórica e efetividade prática.Geralmente, quando faziam o balanço crítico do socialismo anterior às suas formulações, concentravam suas atenções em Saint-Simon, Owen e Fourier, salientando sempre que possível as idéias geniais destes pensadores, procuravam, no entanto, apontar as suas limitações.
Assinalavam que as lacunas existentes neste tipo de socialismo possuíam uma relação com o estágio de desenvolvimento do capitalismo da época, uma vez que as contradições entre burguesia e proletariado não se encontravam ainda plenamente amadurecidas. Para eles, os socialistas utópicos elaboraram uma crítica à sociedade burguesa mas deixaram de apresentar os meios capazes de promover transformações radicais nesta sociedade. Isso se devia, na avaliação de Marx e Engels, ao caráter profundamente apolítico desse socialismo.
Os "utópicos" atuavam como representantes dos interesses da humanidade, não reconhecendo em nenhuma classe social o instrumento para a concretização de suas idéias. Acreditavam eles que se o socialismo pretendesse ser mais do que mero desabafo crítico ou sonho utópico, seria necessário empreender uma análise histórica da sociedade capitalista, colocando às claras suas leis de funcionamento e de transformação e destacando ao mesmo tempo os agentes históricos capazes de transformá-la.